quinta-feira, 23 de julho de 2009

eis a questão

Confesso que sempre tive afeição por essa citação da mais longa peça de Willian Shakespeare, mas não sabia nem qual era essa peça, nem de qual ato e muito menos o porquê dessa frase. To be or not to be, that's the question. Foi aí que hoje, em meio à monotonia do dia-a-dia das tão sonhadas férias, resolvi pesquisar e aprofundar meus conhecimentos sobre Hamlet, até porque o seriado que vai ao ar na Rede Globo "Som e Fúria" trata dessa peça.
Fiquei sabendo que um dos meus autores preferidos leva várias frases dessa obra para as suas, Machado de Assis. Podemos ver vestígios da 'filosofia' de Hamlet no conto "A cartomante" e em "Memórias Póstumas de Brás Cubas" o qual eu adoro.
Como já dito antes, ví também que o monólogo do Ato III, Cena I da Tragédia do Príncipe da Dinamarca é tomado como um fundo filosófico profundo:

"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação."
(...)

E agora? Ser ou não ser?

Imagem
Monólogo retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Ser_ou_n%C3%A3o_ser




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